A trilha sonora das periferias do estado de São Paulo mudou nas últimas décadas. Antes dominadas pelo hip-hop de forte temática social, do engajamento "rap é compromisso", agora o som que faz a cabeça de quem frequenta os lotados bailes é a batida do funk.
Mas é um funk diferente. Influenciado pelo estilo gerado no Rio e famoso internacionalmente, o pancadão paulista tem a sua personalidade, e reflete o clima otimista do Brasil da última década. Os temas como preocupação social (ou o "proibidão", crônica da vida no crime) dão lugar às marcas de roupa, carros, bebidas, joias e mulheres. Tudo de forma direta, na letra e na música.
Quem conseguiu colocar esse clima de forma clara em vídeo foi o diretor e produtor Konrad Dantas, criador e homem por trás da Kondzilla. Para se ter uma ideia, somente neste ano a produtora colocou no ar mais de 70 clipes, sendo que muitos deles ultrapassaram a marca dos 20 milhões de visualizações no YouTube.
Com o sucesso dos videoclipes, o diretor Renato Barreiros, o produtor Bruno Bertolazzi e Kond se juntaram em agosto deste ano para filmar o documentário ‘Funk Ostentação’, lançado na semana passada no YouTube (assista ao filme na íntegra acima). “O movimento ainda está acontecendo, não chegou ao ápice. Pensamos: vamos documentar antes que exploda de vez”, disse Renato em entrevista à MTV.
Pioneiro na estética da ostentação, Kondzilla – Konrad, Kond e o nome da produtora são uma pessoa só, embora muita gente pense que não – explica um pouco a ideia: “Se a música diz que o óculos está em cima da mesa, precisamos filmar um óculos em cima da mesa”. É o que ele batizou de “pleonasmo visual”.
“A galera assiste ao clipe no YouTube e não acredita nos carros todos. Eles pensam que é tudo alugado, mas não, é do MC, que conseguiu fazendo shows de funk”, diz Bruno Bertolazzi - um MC “estourado”, por exemplo, chega a fazer cinco apresentações por noite.